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No primeiro capítulo da série, vimos o que são hortas urbanas. Hoje, vamos discutir a implementação dessa prática em periferias.
O contexto das periferias é marcado por desafios sociais, econômicos e ambientais que afetam diretamente a qualidade de vida das comunidades que ali residem. Vamos explorar os principais problemas que esses espaços enfrentam.
1) Insegurança alimentar
– trata-se do acesso irregular e insuficiente a alimentos nutritivos;
– muitas famílias vivem com renda limitada, priorizando alimentos ultraprocessados, que são mais baratos;
– a má alimentação ocasiona problemas de saúde, como diabetes e obesidade.
2) Falta de acesso a alimentos frescos
– escassez de mercados e feiras que oferecem alimentos frescos;
– os poucos estabelecimentos disponíveis tendem a priorizar produtos industrializados, com preços mais acessíveis;
– o preço de verduras, legumes e frutas é elevado em relação ao poder aquisitivo da população local.
3) Escassez de espaços verdes
– as periferias geralmente surgem de forma desordenada, sem áreas destinadas a parques e praças;
– essa carência reduz a qualidade de vida, dificultando o contato com a natureza e limitando áreas para o lazer e convivência comunitária.
Sem áreas disponíveis para o cultivo, as comunidades periféricas ficam dependentes de alimentos industrializados e de baixa qualidade. Além disso, a ausência de políticas públicas voltadas à sustentabilidade e à inclusão social reforça essas desigualdades, perpetuando ciclos de pobreza e exclusão.
Uma forma de enfrentar esses desafios é a criação de hortas urbanas, que transformam terrenos baldios ou espaços subutilizados em áreas produtivas e verdes.
Para que sejam implementadas hortas urbanas em periferias, é necessário planejamento estratégico, engajamento da comunidade e apoio de diferentes atores, como governo, ONGs e empresas. O primeiro passo é a mobilização local para desenvolver o projeto. O segundo passo é identificar um espaço para o plantio. E para dar seguimento, são importantes parcerias estratégicas para conseguir incentivos e recursos.
As hortas são um caminho para combater a insegurança alimentar, garantindo uma fonte de alimentos nutritivos para população local. Além disso, são uma importante ferramenta de educação ambiental, para ensinar crianças e jovens sobre sustentabilidade. Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo já tiveram iniciativas como esta e são casos de sucesso. A Horta de Manguinhos, localizada no Complexo de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi criada em parceria com a Fiocruz e é considerada uma das maiores hortas urbanas da América Latina, ocupando cerca de 4,5 hectares. É responsável por fornecer alimentos frescos e gratuitos para famílias em situação de vulnerabilidade, além de gerar empregos e a capacitação de moradores em agricultura urbana.
A criação de áreas verdes é capaz de melhorar a qualidade de vida nas periferias. Projetos coletivos promovem educação alimentar, fortalecem laços sociais e oferecem soluções práticas para a insegurança alimentar.
Saulo Pizol Colodete
pizzol@gmail.com